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Despiu-se a República!

por outraidade, em 17.10.12

 

A República despiu-se em 1910.

Não foi Ilda Pulga, a alentejana inspiradora do busto esculpida por Simões de Almeida. Consta-se, no entanto, que algum atrevimento da costureirinha vinda para Lisboa e a sua beleza estonteante, foram atributos mais que suficientes para ser o modelo escolhido daquela estátua que a partir de 1912 se tornou um símbolo nacional. E, sem entender nada de arte, aquilo que mais se atreve naquela obra é o olhar ousado, o nariz erguido, os lábios intensos, o colo impetuoso.

Quem se despiu, ou melhor quem despiram foi o modelo delacroisiano da liberdade. Tapada aqui e ali por panos  em tons de vermelho e verde, a moda em cores da nova bandeira portuguesa.

Gostos à parte, é intensa essa mescla de deusa e mulher do povo, cruzamento que engrandece os seios a nú e algum talhamento muscular, desmitificando um pudor, à época, só ultrapassável num mundo de artes que, embora simbólico, lá se atreveu a desfraldar a realidade de tempos de luta do povo francês.

 

E não simbolicamente, nem artisticamente, despiu-se de novo.

 

Mais popular, mais carne e osso.

Em 2012 em frente à Assembleia da República

Também em frente a um polícia que, de soslaio, olhava por força do cumprimento da missão que lhe fora distribuída.

Não tão marmórea, nem tão inerte, despiu-se e mostrou, por direito, o que achou por bem.

Tudo a bem da Nação.

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publicado às 16:59

A Democracia precisa de Mulheres

por outraidade, em 07.10.12

A democracia precisa de mulheres. Muitas mulheres, muito mulheres.

 

Os homens têm, até hoje, dominado os lugares de poder. Se são eles que têm o poder...

As mulheres têm muita artimanha. Aí aparece aquela frase conhecida "atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher", hoje preferencialmente "ao lado de um grande homem está sempre uma grande mulher".

Uma ou outra frase, tanto me faz, machismos à parte.

Os homens levam vantagem, é certo. Na voz encorpada, na facilidade do penteado e da farpela, nos sapatos conforto e na linearidade do pensamento.

Conclusão: não pensam em duas coisas ao mesmo tempo.

 

A mulher usa mais adereços na linguagem, tal como na imagem. Mas, porque tem grande facilidade em codificar e descodificar inúmeras situações ao mesmo tempo, não há quem as suplante. Além disso, são educadas para gestoras. Gestoras de afectos, de recursos, de património, de esforços, de riso e choro com exímia sabedoria.

 

Há um senão nisto tudo: como é que as mulheres educam tão erradamente os filhos?! Os filhos homens, sim. No fundo, no fundo, sabiamente elas fazem-no a propósito.

Então porque receiam assumir o comando frontalmente? Porque continuam a esquivar-se e a ficar atrás ou ao lado do “grande homem”?

Falta-lhes coragem...

Coragem sim. De reconhecerem que não preparam os filhos para o poder e, simultaneamente, de os afastarem do poder e tirarem-lhes o poder.

 

É por isso que não vejo alternativa, a não ser que as mulheres mudem isso.

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publicado às 18:16

Cosidos ou Cozidos?

por outraidade, em 03.10.12

"No ano passado, as pensões dos funcionários públicos custaram 8,13 mil milhões de euros à Caixa Geral de Aposentações (CGA), mais 5,1% que no ano anterior."in Económico.

 

E acrescenta ainda a notícia que em 2010 foram transferidos para a CGA 2,6 milhões de euros das pensões da PT. E que aconteceu? O Estado usou esse montante para cumprir a meta do défice orçamental desse ano.

Conclusão: buraco sobre buraco. Remendo mal feito, mais tarde ou mais cedo esgassa.

Está mal.

E está tão mal que o prejuízo no ano passado já ia em 22,9 milhões de euros. Isto é, o pano não era grande coisa.

Nem o pano, nem a costura que é como quem diz, a modista foi aldrabona.

 

Ora nisto tudo entra o Estado. Entende-se Estado como um país soberano, com estrutura própria e politicamente organizado.

Um Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um governo , um povo, um território".

Vamos por partes: 20% para a soberania, 20% para a estrutura, 10% para politicamente organizado...50%.

Na máxima, o povo lá leva os 50%. Os outros 50% íam para o território mas como o governo, ou seja, os estadistas esbanjam, delapidam, vendem, entregam...resultado dos 50% sobra zero.

Feitas as contas, estamos nas lonas que é como quem diz, na pindaíba. Um termo mais sério, na miséria.

O dinheiro que os trabalhadores do Estado depositaram durante os muitos anos de trabalho para garantirem a velhice, anda por aí ou já nem anda que é como quem diz foi-se.

No meio disto tudo há quem diga que o Estado é pessoa de bem. O Estado? Bom, vistas as coisas o Estado não é pessoa mas um conjunto de pessoas e organizações em quem confiámos como pessoas de bem. Só que geriram mal o bem.

 

Voltando aos remendos ao pano e à costura, a culpa é das linhas. Porque os cosidos fomos nós.

Cosidos ou cozidos? Como quiserem, no fim dá no mesmo.

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publicado às 15:06

O Aluno e o Segurança

por outraidade, em 01.10.12

Aluno que insultou Passos Coelho alvo de inquérito disciplinar, in Público.

 

Segundo reza a notícia, o presidente do ICSCP - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas explicou que existe um código de conduta e um regulamento interno da Universidade Técnica de Lisboa, à luz dos quais este comportamento tem de ser analisado.

Até aqui tudo entendível.

Na ocasião foi registado também um incidente entre um segurança do primeiro ministro e um repórter da TVI. A Inspecção Geral da Administração Interna anunciou a abertura de um inquérito ao elemento da PSP.

 

Conclusão: os ânimos andam exaltados.

 

Ao aluno devia explicar-se-lhe que se estivesse no meio da multidão das últimas manifestações poderia ter gritado e assobiado à vontade com os maiores impropérios que não havia problema nenhum. Mas ali, estava a descoberto, estava individualizado o que é mau. Acobertado é uma coisa, de peito feito é outra.

Já agora também convém esclarecê-lo que uma coisa é ser estudante, outra é ter responsabilidades políticas. Enquanto ainda carrega os livros não pode mas se um dia estiver no parlamento ou tiver um lugar político de destaque, a coisa muda de figura.

Lá está, a função pedagógica é muito importante.

 

O senhor que fazia segurança ao PM, se calhar já não tem direito a esta componente pedagógica, digo eu.

Para já, já é crescidinho, depois usou a sua identificação profissional para dissuadir o homem da câmara, mostrando-lha bem perto, de forma a que sentisse a temperatura do cartão e do crachat.

Lá está, foi mau, muito mau.

 

Lição de toda esta história: O estudante acha que tem o direito de dizer o que quer e o que pensa mas não tem. O polícia acha que tem direito à privação de imagem quando deixa escapar o seu mau humor mas não tem.

 

Não me parece um bom argumento de telenovela...

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publicado às 17:45


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